Imagens foram enviadas à PF e à Corregedoria da PM. Relatos de quem viu material apontam entre 10 e 15 PMs no local enquanto Polícia Judicial atuava para conter vândalos.
Por Fernanda Vivas, Márcio Falcão e Isabela Camargo, TV Globo
Imagens das câmeras de segurança do circuito interno do Supremo Tribunal Federal (STF) flagraram um grupo de policiais militares do Distrito Federal se escondendo em um banheiro do tribunal durante a invasão da sede no dia 8 de janeiro por bolsonaristas radicais.
O recuo dos PMs ocorreu no terceiro andar, onde está localizado o gabinete da Presidência do STF e outros departamentos administrativos. O fato ocorreu enquanto agentes da Polícia Judicial, que é a responsável pela segurança do STF, atuavam para conter os vândalos.
A informação foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmada pela TV Globo. A TV Globo apurou também com autoridades que assistiram às imagens que entre 10 e 15 militares do DF entravam e saíam do banheiro enquanto à sede era invadida e depredada.
A sala da presidente do STF, Rosa Weber, foi bastante danificada. Os vândalos chegaram a tentar a atear fogo na mesa de trabalho da ministra.
As imagens das câmeras foram enviadas ao STF à Polícia Federal e à Corregedoria da PM do Distrito Federal para providências em relação aos PMs. Uma das linhas de investigação é se houve omissão ou algum tipo de facilitação aos invasores.
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Destruição no STF
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Imagens de dentro do STF mostram invasão de terroristas e vidros quebrados
Segundo dados enviados pela Corte à CPI Mista do 8 de janeiro sobre a atuação da Polícia Judicial na ocasião, inicialmente 54 agentes atuaram para combater a depredação. Mas, após a invasão do Congresso Nacional, com o acionamento de emergência, o efetivo chegou a 75 agentes. Na véspera, 38 servidores estavam no plantão.
O tribunal também relatou à comissão que “a Secretaria de Segurança do Supremo Tribunal Federal reportou, em relação aos agentes da Polícia Judicial, relatos de dificuldade de respiração em decorrência da aspiração de agentes químicos e de lesões relativas ao lançamento de pedras e outros objetos”.
O Supremo também fez um relato detalhado à CPMI dos bens que foram destruídos na invasão e os prejuízos causados. Entre os itens mais valiosos, estão:
- Mesas de centro de madeira no valor de R$ 6,3 mil
- Câmeras fotográficas no valor de R$ 39,9 mil
- Câmeras de vídeo de R$ 100,3 mil
- Lentes de R$ 40,4 mil
- Aparelhos telefônicos, computadores, impressoras, entre outros itens
A lista conta ainda com o valor para a troca do carpete do plenário: R$ 308 mil. O fornecimento do sistema de captação de imagens da TV Justiça custou R$ 2,6 milhões.
Vândalos furam bloqueio policial e invadem Congresso e STF — Foto: REUTERS/Adriano Machado
Há ainda bens de valor inestimável, por serem itens históricos, como poltronas, cadeiras em madeira, mesas em mármore, lustres, pedestais, estatuetas.
Ao todo, o prejuízo financeiro do STF é calculado em R$ 11,4 milhões. A Advocacia-Geral da União pediu que a Justiça bloqueie R$ 26,2 milhões para garantir o ressarcimento, sendo R$ 7,9 milhões da Presidência, R$3,5 milhões do Senado e R$ 3,3 milhões da Câmara.
Segundo a AGU, foi “identificado um vultuoso prejuízo material a esses prédios públicos federais, consubstanciando na quebra de objetos e itens mobiliários, a exemplo de computadores, mesas, cadeiras, vidros das fachadas e até a danificação de obras de artes e objetos de valores inestimáveis à cultura e à história brasileira, à exemplo da obra ‘As Mulatas’, de Di Cavalcanti”.