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Filas quilométricas, aglomeração: relembre problemas na vacinação da Covid em Caxias, centro de investigação da PF sobre fraude

Município da Baixada Fluminense começou campanha com apenas quatro postos e abriu imunização para várias idades no mesmo dia, ignorando recomendação do governo do estado.

Por g1 Rio

A vacinação contra a Covid-19 em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi marcada por filas quilométricas, aglomeração nos postos e desorganização (relembre acima). A Justiça chegou a bloquear R$ 2,5 milhões do então prefeito, Washington Reis, por suspeitas de irregularidades na campanha.

O município está no centro das investigações da Operação Venire, deflagrada nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal (PF), contra um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

A PF afirma que a carteira de vacinação de Jair Bolsonaro (PL) foi adulterada — segundo apurou a TV Globo, o banco de dados indica que o ex-presidente foi ao Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado para se imunizar.

Jair rebateu a PF nesta quarta-feira, reiterando que não tomou vacina alguma.

O secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, foi preso pela PF, apontado como responsável pela fraude.

Relembre os problemas na vacinação na cidade.

‘Puxão de orelha’

A campanha contra a Covid em Duque de Caxias começou, em 2021, com apenas quatro postos — o município é o terceiro maior do RJ.

Em fevereiro, contrariando recomendações do governo do estado, Caxias passou a imunizar profissionais da educação, quando a capital, por exemplo, começava a aplicar doses nos mais idosos.

Na ocasião, o então secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, repreendeu a prefeitura.

“Isso coloca em risco todo o esquema de vacinação do programa nacional. Falei para os promotores que isso era caso de polícia. Nós sabíamos que os municípios tinham autonomia, eles têm, mas dentro do programa nacional”, criticou Chaves.

Filas de até 7 km

No início de março de 2021, Caxias anunciou que qualquer pessoa com 60 anos ou mais poderia procurar um dos nove postos — nem comprovante de residência era exigido. Era a única prefeitura entre as 92 do RJ que tinha estendido a faixa etária. O Rio de Janeiro, por exemplo, vacinava idosos de 78 anos.

Em 5 de março de 2021, imensas filas se formaram no entorno dos centros de vacinação. Para o drive-thru, a espera era de sete quilômetros e ultrapassava os limites do município.

Naquela época, Caxias tinha uma população estimada de 86 mil habitantes acima de 60 anos, segundo o IBGE, mas a prefeitura só havia disponibilizado 6.100 doses, o suficiente para 7% do grupo.

“Nós madrugamos, distribuímos as senhas, divulgamos bem, são nove pontos de vacinação para diminuir a aglomeração. O que eu não admito é a vacina ficar guardada na geladeira”, alegou Washington Reis.

O prefeito também disse ser “normal e inevitável” que pessoas de outros municípios estivessem procurando os postos em Caxias.

“No Brasil e no mundo, não tem dose para todo mundo. O que pode causar confusão é não informar as pessoas. Vacina não é para ficar guardada um segundo sequer”, pontuou.

O Ministério Público do Rio (MPRJ) recomendou que o prefeito desse prioridade às idades mais elevadas — nas faixas entre 80 e 60 anos — porque a letalidade é maior entre essas pessoas.

‘Fura-filas’

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