Girassol ganha popularidade por sua capacidade de adaptação às adversidades climáticas e pela baixa incidência de pragas. Goiás é responsável por mais da metade da produção nacional.
Por Larissa Feitosa, g1 Goiás
Goiás é o maior produtor de girassol do país, sendo responsável por 68% de toda produção brasileira, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Considerado por muitos símbolo de alegria, as flores chamam atenção pelo amarelo vibrante e fazem das plantações local perfeito para sessões de foto. Mas a beleza exuberante não é o que tem feito produtores goianos escolherem a planta para cultivo; entenda abaixo.
Mário Sérgio de Oliveira, coordenador de programas de grandes culturas da Agrodefesa de Goiás, explica que o girassol ganhou popularidade no estado por sua capacidade de adaptação às adversidades climáticas e a baixa incidência de pragas. No estado, o cultivo costuma acontecer no período de safrinha, quando o território goiano é afetado pelo tempo seco.
O produtor André Cherém, de Silvânia, plantou girassol pela primeira vez neste ano. São cerca de 60 hectares que se transformaram em um lindo tapete amarelo. Ao g1, ele disse que costuma plantar sorgo na safrinha, mas decidiu dar uma chance ao girassol por curiosidade. Ele adianta que está positivamente surpreso com a maneira com que a plantação está reagindo.
“Foi mais curiosidade, para ter conhecimento da cultura. Outros amigos produtores já tinham feito e decidi tentar. Estou impressionado, porque ele responde bem aos nutrientes que são colocados nele e ao estresse hídrico”, afirmou.
Assim como André, muitos produtores goianos têm apostado no girassol. A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) revelou que de 2019 a 2023, o número de hectares plantados em Goiás subiu 66,3%, passando de 19,6 mil para 32,6 mil. A previsão para este ano é de 39 mil hectares plantados.
A Secretaria informou também que as principais cidades produtoras de girassol em Goiás são: Ipameri (4,5 mil toneladas), Goiatuba (3,2 mil toneladas) e Piracanjuba (3 mil toneladas). A cidade de Silvânia, onde André vive e produz, é a sétima com maior índice no estado, com 2,2 mil toneladas.
Segundo a Seapa, a maior parte da produção nacional é destinada à fabricação de óleo comestível de girassol, que possui excelente qualidade nutricional e organoléptica. O óleo de girassol brasileiro é, em sua maior parte, destinado ao consumo interno, com pouca expressividade no comércio internacional.
Também se aproveita o farelo do girassol. Nesses casos, a planta é moída, tem o óleo extraído e a parte que sobra (o farelo), é vendida para produção de peixes. A Caramuru Alimentos é uma das principais empresas brasileiras de processamento de girassol.
O engenheiro agrônomo Hector Santos atua na empresa diretamente no fomento à cultura em Goiás. De acordo com ele, a Caramuru compra todo o girassol dos produtores e, às vezes, até sacas excedentes.
“Nosso trabalho é fomentar o negócio entre as safras. A gente visita o cliente, oferece a cultura para ele e, se ele se interessar em plantar, como no caso do André, eu entro também com a minha parte técnica”, explica.
Segundo Hector, a empresa cuida de 200 a 300 produtores de girassol em Goiás e também em Minas Gerais. “Minha área de atuação, por exemplo, dá em torno de 12 a 15 mil hectares”, conta.
Ponto turístico
A estudante de marketing digital Janaine Domingues de Matos, de 21 anos, visitou uma plantação de girassóis, em Silvânia, pela primeira vez na última sexta-feira (7) para fazer fotos.
Ao g1, ela disse que gosta da cor amarela da flor e se encantou por outras fotos que viu na internet. Mas Janaine não é a única, em Itumbiara, um grupo de ciclistas percorreu 25km para registrar imagens de um campo florido.
“Isso aqui pra gente é maravilhoso. Embora nós pegamos um pouco de poeira dos carros passando na estrada, quando a gente chega aqui é compensativo, é maravilhoso, isso aqui faz bem pra alma, faz bem pro viver”, afirma a ciclista Neuza Ribeiro