Parte da adesão se explica pela atuação dos governadores de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, que participaram diretamente das discussões do texto em Brasília
Iuri Pitta da CNN
As bancadas dos estados do Sudeste deram, em média, três votos favoráveis à reforma tributária para cada parlamentar que se posicionou contrário à proposta de emenda constitucional (PEC 45), aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados entre esta quinta (6) e sexta-feira (7).
Ao todo, foram 133 votos favoráveis e 41 contrários, em um total de 176 votantes (houve 2 abstenções) no primeiro turno.
Parte dessa adesão majoritária se explica pela atuação dos governadores dos quatro estados — Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo —, que participaram diretamente das discussões do texto em Brasília.
Nessas articulações, houve amplo destaque ao papel do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cujo posicionamento favorável à PEC foi decisivo para os paulistas entregarem 53 de 70 votos possíveis na bancada (76%), a maior da Câmara.
Além disso, Tarcísio conseguiu articular a posição majoritariamente a favor da proposta dentro do partido, com 36 parlamentares a favor e apenas 3 contrários na votação em primeiro turno, encerrada com 382 votos sim e 118 não.
Na segunda maior bancada estadual da Câmara, os mineiros também deram apoio à reforma na mesma proporção que os paulistas.
No primeiro turno, foram 75% dos deputados a favor (39, em 53 possíveis), percentual que subiu para 79% na segunda rodada (38 votos).
As bancadas do Rio de Janeiro, com 34 votos sim e 9 não no primeiro turno, e do Espírito Santo (7 sim e 3 não nas duas votações) também deram ao menos 70% dos votos possíveis a favor da PEC 45.
“Os governadores foram importantes em alguns estados para mostrar que, ao apoiarem a reforma, no mínimo os deputados não perderiam voto por apoiá-la e, na melhor das hipóteses, poderiam se casar a uma agenda de modernização”, avalia o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV-SP e um dos principais estudiosos do federalismo no Brasil.
“Alguns governadores foram fiadores da reforma, enquanto Aguinaldo [Ribeiro, relator da PEC], Arthur Lira [presidente da Câmara] e o ministro Fernando Haddad, junto com Bernard Appy [secretário], foram os líderes da reforma”, pondera.