Acúmulo de gordura em determinadas regiões do corpo pode ser sinal da doença crônica.
Lucas Rocha da CNN
O acúmulo de gordura e inchaço nas pernas é a principal manifestação do lipedema. A doença crônica tem origem hormonal e afeta os vasos sanguíneos, podendo provocar dor. A condição atinge principalmente as mulheres, sendo mais comum em fases como a puberdade, gravidez e menopausa.
Em entrevista à Quem, a influenciadora Andressa Ganacin, participante do BBB 13, revelou o diagnóstico e vivência com a doença. A informação foi confirmada à CNN pela equipe da influenciadora. Em fevereiro, ela também falou sobre o assunto em vídeo publicado no Instagram.
Entenda os principais sintomas, como é feito o diagnóstico e tratamento do lipedema.
O que é lipedema?
O acúmulo de gordura em determinadas regiões do corpo pode estar relacionado ao sobrepeso e à obesidade. No entanto, a alteração pode ser sinal de lipedema, um problema vascular que atinge cerca de 12% da população no Brasil, de acordo com levantamento publicado pelo Jornal Vascular Brasileiro.
A doença crônica associada ao depósito desproporcional de gordura nas pernas e braços provoca dores nos membros afetados. Segundo o cirurgião vascular e membro do departamento de Doenças Linfáticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade, a doença evolui em cinco estágios, iniciando pela região pélvica, quadris, nádegas, coxas e pernas, com possibilidade de acometer o sistema linfático.
“Não é muito claro o mecanismo exato desta lesão linfática. Também, devido ao mau funcionamento da musculatura da perna, pela restrição física provocada pelo lipedema, o sistema venoso dos membros inferiores também pode apresentar função inadequada”, afirma Andrade.
As mulheres em idade de reprodução, desde a puberdade até a fase de mudanças hormonais com o início do climatério, são as mais atingidas. Além da gordura excessiva, os sintomas também incluem desconforto, fragilidade capilar, equimoses e edemas nas regiões afetadas.
“Pacientes com lipedema são mais suscetíveis a lesões das articulações. Em casos mais avançados, podem ter dificuldades na marcha e consequente atrofia muscular”, diz o médico. Segundo Andrade, o fator genético também influencia o diagnóstico, uma vez que grande parte dos pacientes apresenta histórico familiar do problema.
Atividades físicas como exercícios aeróbicos, caminhada e natação podem ser ferramentas para o controle do lipedema.
“O importante é que os exercícios sejam de intensidade progressiva e, no início, sob a supervisão de profissional educador físico ou fisioterapeuta”, acrescenta Andrade, que também destaca o cuidado com a alimentação.
“As dietas restritivas não têm efeitos na redução do acúmulo da gordura do lipedema e podem, inclusive, piorar a desproporção corporal. Ainda assim, recomenda-se fortemente aos pacientes que mantenham o peso ideal. Há relatos de determinadas dietas, chamadas anti-inflamatórias, que proporcionam um melhor controle dos sintomas, mas ainda sem evidência científica suficiente para sua indicação”, explica.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da doença é clínico, realizado a partir de avaliação pelo médico. Até que seja possível observar clinicamente a condição, não existem exames que marquem a presença do lipedema. Exames como ultrassom, tomografia, cintilografia linfática e bioimpedância servem para diagnóstico de casos em que há suspeita de associação de problemas.
A doença não tem cura, mas o tratamento pode ser feito com o objetivo de aliviar os sintomas, ampliar a qualidade de vida e reduzir os riscos de complicações. Uma das recomendações é o uso de meias de compressão. Por ser uma doença crônica, o acompanhamento médico deve ser regular, com a participação de equipe multidisciplinar, incluindo cirurgiões vasculares, dermatologistas, fisioterapeutas e nutricionistas.
O cirurgião vascular e presidente da SBACV-SP, Fabio Rossi, reforça que o lipedema é uma doença comum que atinge uma a cada dez mulheres e, dependendo da gravidade, pode causar um impacto significativo na qualidade de vida.
“O primeiro passo no tratamento para o lipedema é a busca por um especialista angiologista ou cirurgião vascular, que deve fazer a avaliação dos diagnósticos diferenciais, quando há sintomas de dor e inchaço das pernas. E além da conscientização e orientação adequada sobre a doença, a realização de exames complementares, como Doppler Vascular, linfocintilografia, dosagem de gordura corporal e, em alguns casos, ressonância magnética, também é indicada”, explica Rossi.
Segundo o médico, inicialmente podem ser indicadas as terapias que envolvem meias de compressão, avaliação e orientação nutricional, com exercícios físicos e fisioterapia. A lipoaspiração também pode ser prescrita em casos específicos, para reduzir o tamanho dos depósitos de gordura.