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Lula muda o tom e diz que não quer mais ‘se meter’ no conflito entre Rússia e Ucrânia

Presidente brasileiro, que tem pressionado Zelensky e Putin a entrar em acordo, afirma que a principal guerra é contra a fome

 Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Apesar das constantes declarações sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (6), que não quer “se meter” no conflito, porque a principal guerra com a qual está preocupado é a que luta contra a fome. A declaração foi feita durante o relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. 

“O Brasil tem a chance que jamais teve. O fato de ter ficado exilado do mundo durante esses últimos seis anos deu ao mundo uma sede e uma necessidade do Brasil, e nós precisamos tirar proveito, porque o Brasil não tem contencioso com ninguém. O Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil. É por isso que eu não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia. A minha guerra é aqui, contra a fome, o desemprego e a pobreza. Por que vou me preocupar com a briga dos outros?

Vou me preocupar com a minha briga” (PRESIDENTE LULA)

O conflito no Leste Europeu foi o principal assunto discutido por Lula e pelo papa Francisco no fim de junho, durante a viagem que o petista fez ao Vaticano. No dia seguinte à conversa, durante declaração a jornalistas na Itália, o presidente afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, e o da Rússia, Vladimir Putin, precisam negociar pessoalmente um acordo de paz para dar fim à guerra.

“A primeira coisa a fazer é convencê-los a parar a guerra e sentar para conversar, até que a gente encontre um denominador comum. Foi assim que o mundo se resolveu na Segunda Guerra Mundial, foi assim que se construiu a União Europeia. Um acordo de paz não é uma rendição. Os dois envolvidos têm que ganhar alguma coisa. Se você tem uma proposta que um tem que ceder 100%, não é acordo. É uma rendição, uma imposição. São os ucranianos e os russos que precisam decidir”, declarou Lula na Itália.

Os presidentes brasileiro e ucraniano iriam se encontrar no Japão, em maio, durante reunião do G7, mas Zelensky desmarcou o encontro. À época, Lula disse que ficou chateado.

“Os meus diplomatas estão aqui, marcaram agenda com Zelensky às 15h15, mas recebemos o recado de que ele estava atrasado. Recebi o presidente do Vietnã, e o Zelensky não veio. Se teve problema mais sério, encontro mais importante, não sei. Estava marcado, mas ele não falou comigo, não falei com ele. Fiquei chateado porque gostaria de encontrar com ele para discutir o assunto, mas ele é maior de idade, sabe o que faz”, afirmou no Japão.

Em abril, Lula recebeu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, com o objetivo de promover uma mediação internacional da guerra. Durante o encontro, o presidente afirmou que o Ocidente contribui para a manutenção do conflito.

Após a declaração, o governo dos Estados Unidos acusou o Brasil de estar “papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto”, enquanto Lula afirma que deseja promover uma iniciativa de paz.

O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou, pelas redes sociais, o presidente brasileiro por colocar “a vítima e o agressor no mesmo nível” e por atacar os aliados da Ucrânia que a ajudam a “proteger-se de uma agressão assassina”.

Depois da confusão, o governo da Ucrânia convidou Lula para visitar a capital, Kiev, a fim de “compreender” a realidade da agressão russa. Também em abril, o petista chegou a culpar a Ucrânia pela invasão russa. Dias depois, Lula afirmou que os russos estão “errados” e voltou a defender a paz na região. 

O presidente do Brasil e o da Ucrânia conversaram por telefone em março. Após o diálogo, Lula declarou que a “guerra não pode interessar a ninguém”. Putin e o presidente brasileiro conversaram, também por telefone, no fim de maio. Lula se pôs à disposição para buscar uma solução.

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