Eventos extremos estão associados a mortes por desidratação e derrames.
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro
Maio foi o 12o. mês consecutivo de recordes de calor no planeta, de acordo com cientistas do observatório europeu Copernicus. Segundo eles, o que enfrentamos tem nome: emergência climática. Tal cenário convive com outra tendência global, que é o aumento da expectativa de vida, gerando um quadro preocupante: um número crescente de idosos sofrerá as consequências de ondas de calor.
A Organização Mundial de Saúde estima que, até 2050, haverá 2.1 bilhões de pessoas acima dos 60 anos. Um estudo do Euro-Mediterrean Center on Climate Change, baseado na Itália, projeta que o percentual de idosos com mais de 69 anos expostos a temperaturas superiores a 37.5 graus Celsius saltará de 14% para 23%. Isso representa um acréscimo de 246 milhões de indivíduos sob risco de desidratação e acidentes vasculares cerebrais.
No estado norte-americano do Arizona, as autoridades de saúde de Phoenix computaram, ano passado, 645 mortes provocadas pelo calor – dois terços das vítimas tinham mais de 50 anos. Temperaturas altas, que têm se tornado a marca registrada das mudanças climáticas, apresentam um potencial de risco bem maior para a população idosa devido à prevalência de doenças cardiovasculares nesse grupo. Os mais velhos também sentem menos sede, o que aumenta a chance de desidratação.
No panorama desenhado para 2050, 21% da população mundial terão mais de 60 anos, sendo que dois terços vivendo em países de renda média ou baixa. Ásia e África serão os continentes mais duramente atingidos, com a desvantagem extra de serem menos equipados para proteger seus velhos.