Bloco reúne países com diferentes posições sobre a guerra na Ucrânia, e acordo para texto final está longe de ser alcançado
Luciana Amaral Renata Agostini Daniel Rittner da CNN
A provável presença do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na cúpula do G20, que ocorrerá em Nova Delhi, capital da Índia, em setembro, deixa os organizadores do evento tensos.
O mal-estar tem origem nas diferentes posições sobre a guerra da Ucrânia dentro do bloco, que reúne membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e países como Índia e China, mais alinhados à Rússia.
os bastidores, busca-se um consenso para os termos do G20 em relação à guerra, mas um texto comum está longe de ser alcançado.
O governo brasileiro torce para que o impasse se resolva até esta cúpula para que o problema não seja herdado na próxima presidência rotativa do G20, que será do Brasil em 2024.
Fontes em Brasília dizem que, se houver um prolongamento das divergências, o risco é gastar tempo e energia dos países-membros ao longo de 2024 — em vez de investir esforço em iniciativas de maior interesse do Brasil.
A guerra na Ucrânia já causou desgastes na imagem do Brasil, por causa de declarações polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em abril deste ano, o Itamaraty recebeu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov. No mês seguinte, numa tentativa de equilibrar as relações, o enviado especial de Lula, Celso Amorim, foi a Kiev e se reuniu com o governo de Volodimir Zelensky.
Entretanto, dias depois, Lula não cumprimentou Zelensky quando os dois participaram de uma mesma reunião, durante a cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão.
O governo brasileiro chegou a anunciar que haveria um encontro entre os dois mandatários durante o evento, mas a reunião não aconteceu. Lula alegou incompatibilidade de agendas.
Desta vez, caso Putin compareça à cúpula do G20, a tendência é que líderes como o americano Joe Biden, o francês Emmanuel Macron e o alemão Olaf Scholz se recusem a dividir o mesmo recinto que Putin.
A tradicional foto da “família G20” ao término da cúpula, então, seria descartada.
*Publicado por Pedro Jordão, da CNN