Pular refeições, como almoço ou jantar, pode levar a impactos negativos, como déficit nutricional e desequilíbrios hormonais
Lucas Rocha da CNN
Com foco no emagrecimento, é comum que as pessoas busquem estratégias sem orientação médica. A lista inclui diferentes tipos de dietas, jejuns exaustivos ou rígidas restrições alimentares.
No entanto, as “fórmulas milagrosas”, amplamente disponíveis na internet, podem ter um resultado oposto ao esperado, além de aumentar os riscos de impactos negativos para o organismo.
Entre as armadilhas, está a crença popular de que deixar de fazer alguma das refeições do dia pode ajudar na perda de peso. A ideia de que comer à noite favorece o ganho de peso faz com que pessoas eliminem a refeição ou busquem substitutos como lanches, por exemplo.
A nutricionista Angelica Grecco, do Instituto EndoVitta, aponta que pular refeições pode levar a quatro impactos negativos, como déficit nutricional, redução do gasto metabólico, desequilíbrios hormonais e queda no raciocínio.
“Se você pular uma refeição, pode estar perdendo nutrientes importantes que precisa para se manter saudável. Cada refeição desempenha um papel importante para o corpo funcionar bem. A falta desses nutrientes pode levar à desnutrição e a problemas de saúde a longo prazo”, afirma Angelica. “O jejum pode fazer com que o organismo reduza o gasto energético a fim de reduzir risco de desnutrição. Além disso, pode levar à perda de massa muscular”, completa.
Ao pular refeições, pode haver um prejuízo aos hormônios responsáveis pelo controle do apetite e do metabolismo. “Isso pode levar a compulsão alimentar e aumentar a probabilidade de comer demais mais tarde”, diz.
O hábito também pode levar a uma lentificação de raciocínio e impacto no rendimento. “Pular uma refeição pode levar a baixos níveis de energia e dificuldade de concentração ao longo do dia. Isso pode afetar o trabalho ou a escola, por exemplo.”
As reais motivações do ganho de peso
O ganho excessivo de peso é associado ao desequilíbrio entre a ingestão de calorias e o gasto energético, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, um conjunto de fatores influenciam a obesidade, como questões genéticas do indivíduo e sociais, incluindo a disponibilidade, custo e o acesso a alimentos naturais ou minimamente processados.
“O ganho de peso geralmente ocorre quando a ingestão calórica total é maior do que o gasto energético. Entretanto, pular refeições pode afetar o metabolismo basal e a absorção de nutrientes, o que pode dificultar a perda de peso a longo prazo”, diz Angelica.
Nesse contexto, a escolha dos alimentos consumidos – sendo lanches ou refeições, pode fazer a diferença.
Uma dieta equilibrada, incluindo arroz, feijão, legumes e verduras, além de proteínas, pode contribuir para a manutenção do peso e o bom funcionamento do corpo. Para quem deseja substituir o jantar por uma pequena refeição, a prioridade deve ser dada a alimentos saudáveis, como frutas secas ou frescas, leite, iogurte natural, castanhas ou nozes, entre outros.
Como manter o peso ideal
O peso ideal varia de acordo com a altura e o peso de cada indivíduo. O índice de massa corporal (IMC) é calculado dividindo o peso da pessoa (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado – saiba mais aqui.
Para a manutenção do peso, especialistas recomendam o consumo de uma alimentação equilibrada.
“Consuma uma variedade de alimentos saudáveis, incluindo frutas, legumes, proteínas magras, grãos integrais e gorduras saudáveis. Evite alimentos processados, ricos em açúcar e gorduras saturadas. Mantenha-se hidratado, bebendo água em quantidade suficiente”, diz Angelica.
A nutricionista recomenda reduzir as porções e distribuir a ingestão de calorias ao longo do dia.
“Procure comer porções adequadas para suas necessidades individuais e evite exageros. É importante não pular refeições. Distribua sua ingestão calórica ao longo do dia, o fracionamento irá ajudar na perda de peso e controle do gasto metabólico basal”, diz.
A prática regular de exercícios físicos também está associada, entre outros benefícios, à manutenção do peso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos, no mínimo, de atividade aeróbica por semana para adultos saudáveis e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.
“O exercício ajuda a aumentar o gasto energético, fortalecer os músculos e melhorar o condicionamento físico. Para emagrecer, é importante criar um déficit calórico, consumindo menos calorias do que o seu corpo gasta. No entanto, é essencial não reduzir drasticamente as calorias, pois isso pode levar a deficiências nutricionais e desacelerar o metabolismo”, conclui.