Uma das vítimas teria sido obrigada a recolher uma banana do chão do pátio. Outro funcionário acusou diretora de chamá-lo de “veado nojento”
Marcus Rodrigues
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) abriu investigação por suposto crime de racismo e homofobia praticados pela diretora do Colégio Estadual Almirante Tamandaré, no município goiano de Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal.
Os alvos da servidora pública de 47 anos seriam funcionários de limpeza da instituição. Até o momento, a PCGO ouviu quatro pessoas.
Uma das vítimas, de 32 anos, relatou que a gestora da escola tinha costume de humilhá-la e de chamá-la de “negra imunda”. Em outro episódio, a diretora teria chamado a funcionária da escola para recolher uma banana do chão, no pátio, e fazê-la limpar todo o espaço, enquanto a investigada teria acompanhado a cena rindo.
Uma segunda vítima, de 44 anos, contou à polícia que era perseguido pela diretora devido à orientação sexual e que, por muitas vezes, era chamado de “veado nojento”.
Advogado das vítimas que formalizaram denúncias, Suenilson Saulnier de Pierrelevée Sá considerou as acusações “extremamente graves” e que envolvem, em tese, os crimes de assédio moral, injúria, difamação, calúnia, homofobia e racismo.
“Tudo isso, em um ambiente que deveria ser de ensino e aprendizado. Por óbvio, haverá a oportunidade à defesa dos envolvidos, contudo, em se confirmando as acusações, é um escândalo sem precedentes na estrutura da educação pública estadual”, avaliou o advogado.
A Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc-GO) informou que três professores do colégio registraram boletim de ocorrência, com denúncias de racismo e maus-tratos supostamente cometidos pela gestora.
“Os documentos foram remetidos à Corregedoria e Procuradoria Setorial da Seduc-GO, na tarde de ontem (24/3), para análise e adoção das medidas legais cabíveis”, completou a pasta.