O hábito de acordar mais cedo com o passar dos anos faz parte do processo de envelhecimento; estudo mostra como o cérebro vai perdendo algumas referências de tempo decorrido
Caroline Ferreira colaboração para a CNN
Se você é um adulto mais velho, provavelmente já foi questionado sobre o motivo de acordar tão cedo. Em alguns casos, até antes do despertar do sol, certo? Mas, acredite, os hábitos do sono estão interligados ao processo natural do envelhecimento.
À medida em que se envelhece, os corpos sofrem alterações, fator importante para justificar as mudanças de horários.
“Como a maioria das coisas que mudam com a idade, não há apenas um motivo, e todos estão interconectados”, explica Cindy Lusting, professora de psicologia da Universidade do Michigan ao “Huffpost”.
Da mesma forma que os aspectos da saúde física e mental são alterados, o cérebro torna-se menos responsivo ao longo dos anos.
“A fiação do cérebro provavelmente não está sentindo e respondendo às entradas tão bem quanto deveria, porque é um cérebro envelhecido”, acrescenta o Dr. Sairam Parthasarathy, diretor do Centro de Sono e Ciências Circadianas da Universidade de Ciências da Saúde do Arizona.
Aliás, entre as entradas citadas, está o pôr do sol, luz solar, sugestões sociais e atividades físicas que, consequentemente ajudam o cérebro a entender onde ele está no ciclo de 24 horas. “Isso é tudo o que chamamos de doadores de tempo, eles dão tempo ao cérebro”, comenta.
As explicações científicas
Diante disso, fica mais fácil de se entender que, para uma pessoa mais jovem, o momento do jantar pode ajudar o cérebro a entender que a hora de dormir é “em breve”. Enquanto isso, para as pessoas mais velhas, essa “conversa” pode não acontecer.
Parthasarathy ainda ressalta que os nervos que deveriam dar dicas de tempo sofrem na mesma quantidade de degeneração que o cérebro.
Assim, essa incapacidade de perceber os sinais do tempo, é parte da razão pelo qual os mais velhos tendem a se cansar antes dos filhos e netos, por exemplo.
Na publicação, Lusting também pontua que a luz absorvida pelos olhos é capaz de interferir na situação.
“Curiosamente, uma das razões é que as mudanças da visão que surgem com a idade reduzem a intensidade do grau de estimulação que o cérebro recebe, o que desempenha um papel importante em ‘ajustar’ nosso relógio circadiano e mantê-lo em funcionamento”, diz.
Mudança de rotina? Sempre!
Por fim, Parthasarathy diz que se você enfrenta esse problema, ignore a recorrente ideia de ficar longe das telas antes de dormir. Prefira ficar frente à luz no final da noite, sim.
Isso pode significar dar um passeio ao ar livre antes do pôr do sol, ler um livro no Ipad ou até mesmo assistir uma TV com a tela brilhando. Essas luzes o ajudarão a manter a produção de melatonina, ou seja, o hormônio do sono.