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Brasil e China defendem negociação política para paz na Ucrânia

Acordo firmado entre os dois países é considerado marco importante; governo acredita que China é única potência capaz de exercer influência sobre Moscou

Por CNN

Os governos de Brasil e China negociaram nesta quinta-feira (23) entendimentos sobre uma resolução para a guerra entre Rússia e Ucrânia, defendendo negociação política para que a paz seja alcançada. As nações também pedem o apoio da comunidade internacional.

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, está em Pequim, na China, onde se encontrou com Wang Yi, ministro das Relações Exteriores chinês e membro do Escritório Político do Comitê Central do Partido Comunista.

O acordo firmado entre os dois países é um marco importante nas relações diplomáticas diante da continuidade da guerra. A avaliação do governo brasileiro é a de que a China é a única potência global com peso capaz de exercer influência sobre Moscou.

A assinatura do documento é vista no governo do Brasil como um recado aos países que recusam as negociações e insistem em optar pela guerra como solução para o conflito.

Brasil e China defendem que três princípios sejam seguidos para que haja a desescalada do conflito:

  • a não expansão do campo de batalha;
  • a não escalada dos combates; e
  • a não inflamação da situação por qualquer parte.

O governo brasileiro e o governo chinês acreditam que o diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise na Ucrânia.

Em dezembro, Amorim afirmou, em carta enviada ao encontro de Assessores de Segurança Nacional, que a vontade de Rússia e Ucrânia em participar de negociações em busca da paz era fundamental para o sucesso dos esforços diplomáticos.

A chancelaria chinesa divulgou o entendimento firmado após o encontro de Amorim com Wang Yi. “Todos os atores relevantes devem criar condições para a retomada do diálogo direto e promover a desescalada da situação até que se alcance um cessar-fogo abrangente”, diz o documento.

Os dois países defendem a realização de uma conferência internacional de paz que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todos os países relevantes nas tratativas e uma discussão justa de todos os planos de paz.

A defesa por um encontro internacional de paz com a presença dos dois países em guerra é uma resposta à conferência que a Suíça vai realizar em junho e que contará com a participação da Ucrânia, mas sem representação da Rússia.

Equipes de resgate trabalham no local dos ataques aéreos russos na vila de Lyptsi, na região de Kharkiv, na Ucrânia, em 10 de abril de 2024.
Equipes de resgate trabalham no local dos ataques aéreos russos na vila de Lyptsi, na região de Kharkiv, na Ucrânia, em 10 de abril de 2024. / Volodymyr Pavlov/Reuters via CNN Newsource

O governo brasileiro foi convidado para a reunião na Suíça, mas, diante da ausência de uma participação igualitária com Rússia e Ucrânia, decidiu que seria representado apenas pelo embaixador local.

Amorim e Wang Yi concordaram que é necessário unir esforços para aumentar a assistência humanitária em áreas relevantes e prevenir uma crise humanitária de maior escala.

“Ataques a civis ou instalações civis devem ser evitados, e a população civil, incluindo mulheres, crianças e prisioneiros de guerra, deve ser protegida. As duas partes apoiam a troca de prisioneiros de guerra entre os países envolvidos no conflito”, adiciona o comunicado.

Brasil e China rejeitam o uso de armas de destruição em massa, em particular armas nucleares, químicas e biológicas, bem como ataques contra usinas nucleares ou outras instalações nucleares pacíficas. Afirmam também que todos os esforços devem ser feitos para prevenir a proliferação nuclear e evitar uma crise nuclear.

Os dois países pregam ainda que todas as partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção de Segurança Nuclear, e prevenir com determinação acidentes nucleares causados pelo homem. Para o Brasil e a China, a divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados deveria ser evitada.

“As duas partes pedem novos esforços para reforçar a cooperação internacional em energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos óticos submarinos, instalações elétricas e de energia, bem como redes de fibra ótica, a fim de proteger a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais”, pontua o documento.

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