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Saúde social é tão importante quanto a física e a mental

Pesquisadora norte-americana alerta que é preciso aumentar o leque de opões para as pessoas se conectarem com outras.

Por Mariza Tavares 

Há pouco mais de um ano, Vivek Murthy, que ocupa o cargo de U.S. surgeon e é a principal autoridade em saúde pública nos Estados Unidos, divulgou alerta sobre a epidemia de solidão no país. Para usar uma imagem de fácil entendimento, afirmou que a solidão e o isolamento crônicos equivaliam a fumar 12 cigarros por dia. Uma pesquisa do Instituto Gallup, em outubro de 2023, apontava que uma em cada quatro pessoas – cerca de um bilhão de seres humanos – se sentia solitária. Esse contingente representa 77% dos habitantes do planeta, porque a China não foi incluída no levantamento.

A solidão pode levar a sérios problemas, como o risco aumentado para doença coronariana, demência e morte prematura, por isso a discussão sobre a relevância da saúde social vem ganhando cada vez mais destaque. Trata-se de um dos pilares da saúde, assim como o bem-estar físico e mental, e diz respeito aos relacionamentos e às conexões que desenvolvemos com nossos semelhantes.

Não confundir saúde social com determinantes sociais de saúde, uma expressão também em alta, mas que se refere a uma outra área de estudo. Nesse caso, estamos falando do conjunto de fatores que garantem o bem-estar de um indivíduo, que vão de acesso à educação e moradia a segurança financeira. Exemplos não faltam: como receitar um medicamento que necessite de refrigeração se a pessoa não tem geladeira ou vive num local onde há frequentes interrupções de energia? Como recomendar que o paciente caminhe e faça exercícios se ele mora numa área violenta?

A pesquisadora e cientista social Kasley Killam, que acabou de lançar o livro “The art and science of connection: why social health is the missing key to living longer, healthier and happier” (em tradução livre, “A arte e a ciência da conexão: por que saúde social é o elo que falta para viver mais, com saúde e felicidade”), diz que pessoas com um forte sentimento de pertencimento são 2,6 vezes mais propensas a relatar saúde boa ou excelente. Em compensação, as que não desfrutam de uma rede de apoio têm 53% a mais de chances de morrer de qualquer causa.

Na obra, ressalta que saúde social é uma prioridade e, na verdade, redefine o que é ser saudável. Avalia que a saída não é enfatizar apenas o aspecto negativo da solidão, e sim buscar alternativas para aumentar o leque de opões de conexão. Em artigo para a revista “STAT News”, escreveu: “a Organização Mundial da Saúde criou, ano passado, uma Comissão de Conexão Social com o objetivo de aumentar a consciência sobre o assunto. Da mesma forma que o debate sobre saúde mental mobilizou as pessoas a expressar e valorizar suas emoções, este será o caminho para que todos se deem conta da importância de manter e ampliar seu círculo de afeto e relações”.

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